quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O livre exercício da tragada


Com exceção dos Estados Unidos, onde começam a banir o cigarro até mesmo das ruas (vide o exemplo de Los Angeles, em cujos parques é proibido fumar, para não “prejudicar” a saúde das crianças e dos esportistas*), os demais países que adotaram medidas de restrição ao fumo procuraram respeitar – ainda que minimamente – o direito dos fumantes ao livre exercício da tragada. Falo da Europa, naturalmente.


Tome-se o caso da Alemanha, onde o número de fumantes é significativo. No gigantesco aeroporto de Frankfurt, por exemplo, há “ilhas” com cinzeiro e exaustor espalhadas pelos grandes corredores; o espaço é pequeno, reduzidíssimo mesmo, mas suficiente para aplacar a vontade de fumar após doze horas de viagem ou entre uma conexão e outra. Em minha última viagem, apenas passei por Frankfurt, a caminho de Munique; portanto, não sei como está a situação dos fumantes na cidade de Goethe. Mas, a julgar pelo que vi em Munique, Berlin e Leipzig (na foto acima, área externa do Bar Mephisto, na Mädler Passage), o respeito ao fumante nessas cidades da Alemanha é infinitamente superior ao observado em São Paulo.

A começar pelos bares, cafés e restaurantes, que mantêm áreas para fumantes na área externa, como terraços e jardins (com toldos ou não, com paredes laterais ou não... bem diferente daqui, onde só se pode fumar mesmo é na rua). As cervejarias têm seus biegartens – jardins da cerveja –, onde é possível beber e fumar em paz! Não é preciso pedir um cinzeiro. Eles estão por toda parte e, caso você não encontre um em sua mesa, basta acenar para o garçom com o maço de cigarro: ele providencia um rapidinho. A temperatura ambiente tampouco inibe os fumantes; mesmo no frio, os alemães lotam os biegartens, devidamente equipados com aquecedores. Mas o melhor de tudo é que ninguém nos olha feio quando acendemos um cigarro!

Na Áustria (Viena e Salzburg) e na República Tcheca (Praga), os estabelecimentos têm áreas internas para fumantes e não fumantes – como era aqui em São Paulo antes da famigerada lei antifumo (e como prevê, aliás, lei federal). Na Polônia (Varsóvia), alguns bares e restaurantes mantêm áreas separadas para fumantes e não fumantes, mas a maioria não faz qualquer tipo de restrição ao cigarro.

E a Rússia... bem, a Rússia é o paraíso dos fumantes! Com exceção do transporte público (ônibus e metrô), estações de metrô e museus – o que é compreensível, até por uma questão de segurança –, pode-se fumar em todos os lugares, à vontade. E os russos (assim como os alemães, os austríacos, os tchecos e os poloneses) fumam, e muito! E bebem ainda mais, principalmente vodka e cerveja. E, a despeito de todos os excessos, têm uma aparência ótima, bem diferente daqueles americanos obesos, movidos a fast-food! 

(*) no país do fast-food e da comida enlatada, onde crianças ainda pequenas trocam o leite por refrigerante, soa quase como uma heresia a preocupação dos governantes com a fumaça dos cigarros nos parques.