quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Eternas referências – Pushkin



“O homem que outrora fui, o mesmo ainda serei:
leviano, ardente. Em vão, amigos meus, eu sei,
de mim se espere que eu possa contemplar o belo
sem um tremor secreto, um ansioso anelo.
O amor não me traiu ou torturou bastante ?
Nas citereias redes qual falcão aflante
não me debati já, tantas vezes cativo?
Relapso, porém, a tudo sobrevivo,
e à nova estátua trago a antiga oferenda...”
Alexander Pushkin



“A palavra de um poeta é a essência do seu ser”
“Nunca encontrareis a poesia se não a tiverdes dentro de vós”
“Amar? Para quê? Por um tempo, não vale a pena. E, para sempre, é impossível”




Acima, “estátua” de Pushkin no “Café Literário”, em São Petersburgo. Ao lado e abaixo, fotos da fachada e dos jardins do prédio em São Petersburgo onde Alexander Pushkin morou nos dois últimos anos de sua vida, transformado em museu. No interior do apartamento do grande poeta russo, emocionei-me com seus manuscritos e objetos pessoais – principalmente com a arma usada por Pushkin no duelo que lhe tirou a vida, aos 37 anos de idade, e com a camisa manchada de sangue! Fui às lágrimas. Literalmente.



“Perder a razão é uma coisa terrível. Antes morrer. A um morto consideramos com respeito, rezamos por ele. A morte fá-lo igual a todos. Enquanto um homem privado da sua razão deixou de ser homem.”


Eugene Onegin”, obra-prima de Pushkin, foi transformada em ópera por  Tchaikovsky (ao lado, túmulo do compositor russo no Monastério Alexander Nevsky)

Pushkin nasceu em 06/06/1799 em Moscou e morreu em 10/02/1837 em São Petersburgo.
 



domingo, 27 de setembro de 2009

Cigarros são sublimes!


Bogart e Bacall

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sobre o exercício da tolerância



Reproduzo aqui, com destaque, trecho do último comentário de meu amigo P. R. Baptista, não fumante convicto:

“(...) Infelizmente (para os fumantes) os não fumantes, antes passivos, se organizaram e junto com outros ‘minorias’ (mulheres, gays, negros, indígenas, etc.) passaram a cobrar seu espaço, que passa inevitavelmente pela supressão do espaço do fumante. Trata-se de uma tendência que não vejo, neste momento, como se reverter.”

Parafraseando Voltaire, “não estou de acordo com aquilo que dizeis, mas lutarei até o fim para que vos seja possível dizê-lo”.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Eternas referências – Dostoiévski




"A beleza salvará o mundo” (Fiodor Dostoiévski, in “Discurso sobre Pushkin”)



Ao lado, retrato de Dostoiévski pintado por Vasily Perov (acervo da Galeria Tetriakov, em Moscou). Abaixo, entrada do Museu Memorial Dostoiévski, em São Petersburgo, no prédio onde o escritor morou  nos três últimos anos de sua vida.





Abaixo, gabinete de trabalho de Dostoiévski em seu último apartamento de  São Petersburgo, onde ele escreveu Os Irmãos Karamazovi”. Na parede, à esquerda, uma fotografia da “Madonna”, de Rafael, pintura favorita de Dostoiévski. 






O relógio sobre a mesinha no escritório do escritor “parou” no dia e hora em que Dostoiévski morreu: 8h36 da manhã de 28/01/1881. 










Abaixo, fotos de objetos pessoais e interior do apartamento do escritor.





"Nenhum homem e nenhuma nação podem existir sem uma idéia sublime. E no mundo existe uma única idéia sublime – nomeadamente, a idéia da imortalidade da alma do homem –, pois todas as outras idéias ‘sublimes’ de vida, que dão vida ao homem, são meras derivações desta única idéia.” ("Diário de um Escritor")



“Os criadores e os gênios, no início da sua carreira, quase sempre, e muitas vezes até no fim, sempre foram considerados pela sociedade como uns parvos e uns loucos — é esta uma das observações mais triviais e sabidas” ("O Idiota")




"Realmente, se um dia de fato se descobrisse uma fórmula para todos os nossos desejos e caprichos – isto é, uma explicação do que é que eles dependem, por que leis se regem, como se desenvolvem, a que é que eles ambicionam num caso e noutro e por aí fora, isto é uma fórmula matemática exata – então, muito provavelmente, o homem deixaria imediatamente de sentir desejo. Pois quem aceitaria escolher por regras? Além disso, o ser humano seria imediatamente transformado numa peça de um órgão ou algo do gênero; o que é um homem sem desejos, sem liberdade de desejo e de escolha, senão uma peça num órgão?” ("Memórias do Subsolo")









“Os tempos atuais são tempos de ‘aurea mediocritas’ e de indiferença, de paixão pela ignorância, de preguiça, de incapacidade para o trabalho prático e da necessidade de receber tudo já pronto. Ninguém raciocina, será raro alguém elaborar uma idéia pessoal. (...) Desapareceu por completo uma idéia cimentadora. É como se toda a gente vivesse numa estalagem, preparando-se para fugir amanhã da Rússia. Todos vivem apenas para a sua abastança...” ("O Adolescente")






“Se Deus não existe, tudo é permitido” ("Os Irmãos Karamazovi") 





Ao lado, o túmulo de Dostoiévski no “Alexander Nevsky Monastery”, em São Petersburgo.





Fiódor Dostoiévski nasceu em 11/11/1821, em Moscou, e morreu em 28/01/1821, em São Petersburgo.



Eternas referências



Não viajo (apenas) para conhecer novos lugares. 

Viajo, principalmente, para conhecer lugares onde nasceram, viveram ou morreram - e estão enterrados - pessoas que 'marcaram' a minha vida. Pessoas cujas vida e obra me emocionam e me inspiram... Non, definitivamente minhas viagens não são simples viagens. Ao contrário: são 'viagens' ao encontro de minhas grandes paixões: a Literatura e a Música! 

Em minha última viagem, conheci as cidades onde nasceram, viveram ou morreram os genais Dostoiévski, Tolstói e Pushkin (Moscou e São Petersburgo), Kafka (Praga), Beethoven (Viena), Mozart (Salzburg) e Thomas Mann (Munique). E revisitei a cidade onde moraram Goethe, Schiller, Bach e Mendelssohn (Leipzig). 


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Suspiros por Bach - II

Suspiros por Beethoven - I

Suspiros por Brahms - I

Suspiros por Bach - I

domingo, 20 de setembro de 2009

Adeus, Lenin!



Sentada em um banco na Praça da Revolução, em Moscou, diante da estátua de Karl Marx – esculpida em 200 toneladas de granito, na base da qual está a famosa conclamação "Proletários de todo o mundo, uni-vos!” –, fiquei imaginando como o ideólogo do marxismo e Vladimir Lenin, principal líder da Revolução de 1917 (cujo corpo embalsamado jaz próximo dali, no mausoléu da Praça Vermelha), se sentiriam na Rússia de hoje.  E concluí que a suposta (e provável) reação dos dois iria muito além do sentimento de frustração. Marx e Lenin certamente ficariam surpresos com a voracidade surpreendente com que o capitalismo chegou à Rússia. Como, aliás, eu também fiquei.


Com exceção do Mausoléu de Lenin (foto abaixo, onde infelizmente eu não pude entrar, pois o local estava fechado à visitação pública, em razão dos trabalhos de conservação do corpo) e de estátuas e murais com a imagem do líder da Revolução nas estações de trem e metrô, além de nomes em logradouros públicos, pouca coisa hoje em Moscou e São Petersburgo nos remete à Revolução. É como se ela simplesmente não tivesse existido!




Por outro lado, os sinais do capitalismo estão por toda parte: nas modernas construções, na opulência das lojas de grife e nos carros de luxo – inclusive limousines – que circulam nas largas avenidas de Moscou e São Petersburgo. E, naturalmente, na proliferação de telefones celulares. A exemplo do Brasil, eles estão por toda parte. A diferença é que, na Rússia, eles funcionam até mesmo nos subterrâneos (e bota subterrâneo nisso!) do metrô. Em Moscou, principalmente, andei muito de metrô, inclusive na hora do 'rush', e me surpreendi com o grande números de russos (trabalhadores) falando ao celular dentro dos trens!

Difícil dizer se os russos estão hoje em uma situação melhor do que aquela em que se encontravam durante o regime comunista. É verdade que, em minhas caminhadas por Moscou e São Petersburgo, não encontrei pessoas em situação de miséria (não me lembro de ter visto 'moradores de rua', tão comuns em São Paulo, por exemplo), embora tenha cruzado com uma ou outra "babushka" mendingando nas proximidades das estações do metrô.  Mas, a julgar pelos ostensivos sinais de riqueza exibidos por uma minoria de milionários russos, algo me diz que o fantasma da desigualdade social – tão combatida pela Revolução de 1917 – pode voltar a assombrar a Rússia. Se é que já não assombra!


Na foto ao lado, a GUM (Gosudartsvenny Univarsalny Magazin, ou loja de departamentos do Estado), a imensa galeria que ocupa uma das laterais da Praça Vermelha, em Moscou, onde as prateleiras da era soviética foram substituídas por lojas como Dior e Prada, entre outras grifes mundiais famosas. Abaixo, outros exemplos do capitalismo emergente.







Ao lado, as obras do novo hotel “Rossyia” (não sei se o nome será mesmo esse). O antigo Hotel Rossyia, uma espécie de "caixote" com 2.876 quartos, 5 mil camas, 40 restaurantes e 1 quilômetro de corredores, foi construído em 1967 para acomodar os delegados do Partido Comunista que vinham para encontros no Kremlin, em frente. Foi demolido, como outros 'mastodontes' do centro de Moscou.


Droga nenhuma



“Dedalus é um jovem exemplar. Ele não fuma e não vai a parques de diversão e não flerta e não faz droga nenhuma ou absolutamente nada (...)”

James Joyce, in “O Retrato do Artista Quando Jovem

sábado, 19 de setembro de 2009

Ser ou ter? Com a palavra, Marx.



Quanto menos comes, bebes, compras livros, vais ao teatro e ao café, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas desporto etc., mais economizas e mais cresce o teu capital. ‘És’ menos, mas ‘tens’ mais. Assim todas as paixões e atividades são tragadas pela cobiça.” (Karl Marx)


Ao lado, estátua de Marx na Praça da Revolução, em Moscou




Площадь Революции



Ao lado, uma das 76 estátuas de bronze que decoram a plataforma de embarque da estação de metrô Plochad Revolutsii (Praça da Revolução), em Moscou, inaugurada em 1938. As estátuas, em tamanho natural, reproduzem cidadãos russos em atividades cotidianas que exprimem o ideal da Revolução. Abaixo, a  entrada da estação.









sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entre uma vodka e outra... uma igreja e outra!




Invariavelmente, minhas viagens seguem o roteiro histórico-etílico-religioso, não necessariamente nessa ordem. Na verdade, sempre que chego a uma nova cidade procuro uma igreja ou um templo religioso qualquer – ou melhor, da crença religiosa predominante no local –, para agradecer a Deus por ter chegado até ali e pedir proteção para o restante da viagem (inclusive para os inevitáveis exageros etílicos!). E só depois inicio, de fato, minha longa peregrinação pela cidade, percorrendo museus, bares, cemitérios, monumentos históricos, restaurantes e novas igrejas (sim, entro em todas que encontro pelo caminho).

Na Rússia não foi diferente. Entre uma vodka e outra (ou entre uma cerveja e outra; sim, lá eles também bebem muita cerveja), entre um museu e outro (e são vários, um mais deslumbrante do que o outro), entre reminiscências do czarismo e da Revolução Socialista lá estava eu admirando as belíssimas igrejas ortodoxas russas, com sua riqueza artística e arquitetônica.

Na foto acima, a Catedral de São Basílio, localizada na Praça Vermelha, em Moscou, conhecida mundialmente por suas cúpulas em forma de bulbo (foi a primeira igreja que visitei ao chegar em Moscou, proveniente de Praga, numa viagem de trem que durou aproximadamente 36 horas). Pertencente à Igreja Ortodoxa Russa, a catedral teve sua construção ordenada pelo Czar “Ivan o Terrível” para comemorar a conquista do Cantão de Kazan, entre 1555 e 1561. Conta-se que, após o término da construção, o terrível czar teria mandado arrancar os olhos do arquiteto, para que ele não pudesse construir outra coisa igual.




A Igreja da Ressurreição de Cristo, em São Petersburgo, que incorpora todos os componentes da arquitetura bizantino-ortodoxa, foi construída no local onde o czar Alexandre II foi assassinado, em 1881. É famosa pela riqueza dos mosaicos que a recobrem, no interior e no exterior, e pelos altares decorados com pedras preciosas; o chão é revestido em mármore italiano. Abaixo, detalhes da fachada e do interior.




Abaixo, fotos das famosas catedrais do Kremlin, em Moscou: em sentido horário, Catedral da Anunciação, Catedral do Arcanjo e Catedral da Assunção.